Pedagogia do Handebol
JOGANDO é que se aprende!
E o Handebol na Escola?
Ela (a escola) hoje é um dos principais locais onde as crianças praticam esportes, seja no horário regular das aulas ou em equipes para torneios escolares. Neste aspecto um detalhe passa despercebido: Como o handebol está sendo ensinado dentro da educação física escolar?
O aluno de ensino regular (seja qual nível for) está na escola para receber toda a instrução para sua experiência motora e prática corporal que ele possa agregar. Na verdade podemos pensar no esporte inserido nas práticas escolares como fonte pedagógica, mas para isso o handebol caracteriza-se como um jogo, sem pautar-se no rendimento esportivo.
Bracht entende que o esporte na escola só tem sentido quando entendido como atividade escolar e integrado ao projeto pedagógico desta escola. Assim, o esporte e o handebol na escola devem servir para a formação do indivíduo como um todo, tratando aspectos físicos, cognitivos, psicológicos, afetivos, sociais, críticos, o tornando um cidadão pensante e atuante sobre a sociedade e a cultura a qual está vinculado.
Dessa forma, o handebol passa a ser uma ferramenta para que o aluno tenha dentro da sua prática vivências e experiências que proporcionem a ele um aprendizado múltiplo. Mas para isso o professor deve saber adequar o Esporte/Jogo a realidade da escola, e reformular os objetivos de quem os executa.
Os ideais de vencer ou perder presentes no esporte competitivo devem estar longe dos principais objetivos destes alunos. Ensinar os esportes coletivos na escola visando a aprendizagem do jogo é uma maneira de proporcionar a todos os alunos a sua prática de forma prazerosa e não excludente. Todos poderão aprender, mesmo aqueles que não se tornarão atletas. Estes que optarem ou não conseguirem seguir a carreira de atleta poderão ter conhecimentos específicos para que se tornem praticantes e espectadores pensantes e críticos. Não somente sob o aspecto da saúde como alguns autores defendem, mas também pelo aspecto do saber fazer, saber transmitir o conhecimento e adquiri-lo sempre.
Exercícios analíticos de passe, recepção, empunhadura, drible, arremesso, trifásico, não proporcionam a estes alunos a crítica sobre o esporte, o agir pensante. Porém, a idéia pautada nos jogos coletivos, quando bem orientada pelos professores podem vir a ser de grande estímulo para que estes alunos além da tática, da estratégia do jogo aliada a técnica, também associem a compreensão do coletivo, do grupo.
Um assunto discutido por nossos colegas em seus textos recentes são, por que os alunos não praticam o handebol fora da escola? Desta pergunta levanto outras questões: Como estamos transmitindo o handebol aos nossos alunos? Estamos ensinando aos nossos alunos que todo lugar é lugar para jogar handebol? A “pelada” que vemos nos campos de várzea acontecendo freqüentemente não tem muito a ver com o futebol jogado pelas seleções, a semelhança restringe-se a ter que fazer gol e a bola nos pés, então porque o handebol tem que ser igual ao do rendimento? Porque não pode simplesmente ser um jogo de bola nas mãos com gol? Isso só será possível a partir do momento que o aluno souber diferenciar o handebol que ele sabe jogar ao executar o jogo, e não quando se exercita com simples execução de fundamentos, como passe, drible, recepção.
Assim as diferentes visões metodológicas para o processo de ensino-aprendizagem de cada professor estão ligadas a idéia sobre qual o melhor caminho para o ensino-aprendizagem do aluno. Pensando na construção crítica que o esporte pode oferecer aos alunos dentro da escola, como seria a metodologia do professor?
Na visão crítico emancipatória as idéias são pautadas na superação do aluno através do esporte, ou seja, o esporte é colocado para fins educacionais e não como a base da pirâmide do rendimento esportivo. O aluno irá adquirir a base para a sua autonomia, o esporte dará ao indivíduo uma condição transformadora, pois cada um aprende e transcende sobre o seu próprio conhecimento. A capacidade comunicativa deve ser desenvolvida e o movimento é a primeira expressão comunicativa, com contexto histórico, social. A referência não está no esporte da mídia e sim na prática vivenciada por cada indivíduo ou pelo grupo.
Neste aspecto a figura do professor como orientador e mediador dessas relações dentro do grupo são de extrema importância. De acordo com a concepção aberta de ensino, proposta por Hildebrant (autor alemão que tem a realidade da educação física intimamente ligada ao conteúdo esportivo) os principais objetivos são focados para a autonomia, a capacidade de comunicação, a criatividade e responsabilidade dos alunos e, de acordo com o autor, somente serão autônomos se a educação promover situações para isso. As aulas estão sempre dentro de um determinado objetivo momentâneo a ser alcançado pelos alunos, que em nosso caso pode ser estratégias ou táticas do handebol, ou problemas que surgem e que serão solucionados a partir de jogos coletivos, porém a ação pedagógica é cotidianamente encaminhada para os itens mencionados acima.
Assim, o ganhar dentro do esporte na escola é relativo ao aprendizado, e o perder deve estar relacionado com a inércia sobre o conhecimento, não com índices técnicos ou resultados formais de jogos, este conteúdo é para equipes profissionais, não para crianças, por isso a necessidade de adaptar torneios de acordo com o conteúdo ensinado a cada grupo, em que o handebol seja jogado sem a expectativa da competição convencional, e os objetivos possam ser alcançados de acordo com a possibilidade de “rendimento” dos alunos.
Devemos lembrar que para que o handebol seja um instrumento de nossas aulas os alunos devem ter prazer em jogar handebol. O prazer do jogo deve ser mantido e não corrompido pela prática, pelos preceitos do rendimento esportivo. Enquanto professores nosso objetivo é propiciar formas para os praticantes que gostam do esporte, mas que não são “pequenos atletas”.
Ensinar todos os conteúdos do handebol e assim expandí-lo para fora dos muros da escola. “Portanto, o que a pedagogia crítica em EF propôs/propõe é o ensino de destrezas motoras esportivas dotadas de novos sentidos, subordinadas a novos objetivos/fins, a serem construídos junto com um novo sentido para o próprio esporte” (Valter Bracht).
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