
A equipe do professor Zé Mario Tenório vem aí. No próximo dia 20/agosto, sábado vamos participar de uma oficina de Handebol com a presença de alunos e estagiários do curso de EDF do IBESA na Escola de Ensino Fundamental I e II venha prestigiar, lá discutiremos a possibilidade de implantação de um núcleo da Federação alagoana de Handebol, abrindo novos horizontes na conquista e na formação de um caráter esportivo, cultural e educacional na formação do aluno! Ela (a escola) hoje é um dos principais locais onde as crianças  praticam esportes, seja no horário regular das aulas ou em equipes para  torneios escolares. Neste aspecto um detalhe passa despercebido: Como o  handebol está sendo ensinado dentro da educação física escolar!
O aluno de ensino regular (seja qual nível  for) está na escola para receber toda a instrução para sua experiência  motora e prática corporal que ele possa agregar. Na verdade podemos  pensar no esporte inserido nas práticas escolares como fonte pedagógica,  mas para isso o handebol caracteriza-se como um jogo, sem pautar-se no  rendimento esportivo.
Bracht entende que o esporte na escola só tem sentido quando  entendido como atividade escolar e integrado ao projeto pedagógico desta  escola. Assim, o esporte e o handebol na escola devem servir para a  formação do indivíduo como um todo, tratando aspectos físicos,  cognitivos, psicológicos, afetivos, sociais, críticos, o tornando um  cidadão pensante e atuante sobre a sociedade e a cultura a qual está  vinculado.
 
Dessa forma, o handebol passa a ser uma ferramenta para que o aluno  tenha dentro da sua prática vivências e experiências que proporcionem a  ele um aprendizado múltiplo. Mas para isso o professor deve saber  adequar o Esporte/Jogo a realidade da escola, e reformular os objetivos  de quem os executa.
Os ideais de vencer ou perder presentes no esporte competitivo devem  estar longe dos principais objetivos destes alunos. Ensinar os esportes  coletivos na escola visando a aprendizagem do jogo é uma maneira de  proporcionar a todos os alunos a sua prática de forma prazerosa e não  excludente. Todos poderão aprender, mesmo aqueles que não se tornarão  atletas. Estes que optarem ou não conseguirem seguir a carreira de  atleta poderão ter conhecimentos específicos para que se tornem  praticantes e espectadores pensantes e críticos. Não somente sob o  aspecto da saúde como alguns autores defendem, mas também pelo aspecto  do saber fazer, saber transmitir o conhecimento e adquiri-lo sempre.
Exercícios analíticos de passe, recepção, empunhadura, drible,  arremesso, trifásico, não proporcionam a estes alunos a crítica sobre o  esporte, o agir pensante. Porém, a idéia pautada nos jogos coletivos,  quando bem orientada pelos professores podem vir a ser de grande  estímulo para que estes alunos além da tática, da estratégia do jogo  aliada a técnica, também associem a compreensão do coletivo, do grupo.
Um assunto discutido por nossos colegas em seus textos recentes são,  por que os alunos não praticam o handebol fora da escola? Desta pergunta  levanto outras questões: Como estamos transmitindo o handebol aos  nossos alunos? Estamos ensinando aos nossos alunos que todo lugar é  lugar para jogar handebol? A “pelada” que vemos nos campos de várzea  acontecendo freqüentemente não tem muito a ver com o futebol jogado  pelas seleções, a semelhança restringe-se a ter que fazer gol e a bola  nos pés, então porque o handebol tem que ser igual ao do rendimento?  Porque não pode simplesmente ser um jogo de bola nas mãos com gol? Isso  só será possível a partir do momento que o aluno souber diferenciar o  handebol que ele sabe jogar ao executar o jogo, e não quando se exercita  com simples execução de fundamentos, como passe, drible, recepção.
Assim as diferentes visões metodológicas para o processo de  ensino-aprendizagem de cada professor estão ligadas a idéia sobre qual o  melhor caminho para o ensino-aprendizagem do aluno. Pensando na  construção crítica que o esporte pode oferecer aos alunos dentro da  escola, como seria a metodologia do professor?
Na visão crítico emancipatória as idéias são pautadas na superação do  aluno através do esporte, ou seja, o esporte é colocado para fins  educacionais e não como a base da pirâmide do rendimento esportivo. O  aluno irá adquirir a base para a sua autonomia, o esporte dará ao  indivíduo uma condição transformadora, pois cada um aprende e transcende  sobre o seu próprio conhecimento. A capacidade comunicativa deve ser  desenvolvida e o movimento é a primeira expressão comunicativa, com  contexto histórico, social. A referência não está no esporte da mídia e  sim na prática vivenciada por cada indivíduo ou pelo grupo.
Neste aspecto a figura do professor como orientador e mediador dessas  relações dentro do grupo são de extrema importância. De acordo com a  concepção aberta de ensino, proposta por Hildebrant (autor alemão que  tem a realidade da educação física intimamente ligada ao conteúdo  esportivo) os principais objetivos são focados para a autonomia, a  capacidade de comunicação, a criatividade e responsabilidade dos alunos  e, de acordo com o autor, somente serão autônomos se a educação promover  situações para isso. As aulas estão sempre dentro de um determinado  objetivo momentâneo a ser alcançado pelos alunos, que em nosso caso pode  ser estratégias ou táticas do handebol, ou problemas que surgem e que  serão solucionados a partir de jogos coletivos, porém a ação pedagógica é  cotidianamente encaminhada para os itens mencionados acima.
Assim, o ganhar dentro do esporte na escola é relativo ao  aprendizado, e o perder deve estar relacionado com a inércia sobre o  conhecimento, não com índices técnicos ou resultados formais de jogos,  este conteúdo é para equipes profissionais, não para crianças, por isso a  necessidade de adaptar torneios de acordo com o conteúdo ensinado a  cada grupo, em que o handebol seja jogado sem a expectativa da  competição convencional, e os objetivos possam ser alcançados de acordo  com a possibilidade de “rendimento” dos alunos.
Devemos lembrar que para que o handebol seja um instrumento de nossas  aulas os alunos devem ter prazer em jogar  handebol. O prazer do jogo  deve ser mantido e não corrompido pela prática, pelos preceitos do  rendimento esportivo. Enquanto professores nosso objetivo é propiciar  formas para os praticantes que gostam do esporte, mas que não são  “pequenos atletas”.
Ensinar todos os conteúdos do handebol e assim expandí-lo para fora dos muros da escola. 
“Portanto,  o que a pedagogia crítica em EF propôs/propõe é o ensino de destrezas  motoras esportivas dotadas de novos sentidos, subordinadas a novos  objetivos/fins, a serem construídos junto com um novo sentido para o  próprio esporte” (Valter Bracht).
Bibliografia:
Hildebrandt, Reiner; Laging, Ralf. 
Concepções abertas no ensino da Educação Física. Rio de Janeiro. Ao livro Técnico, 1986.
Kunz, Elenor. 
Transformação didático-pedagógica do esporte . Ijui : Unijui, 1994.
Bracht, Valter. 
Esporte na escola e esporte de rendimento. Movimento – Ano VI – Nº 12 – 2000/1
